segunda-feira, 18 de junho de 2012

Dercy Gonçalves

Dercy Gonçalves era o nome artístico de Dolores Gonçalves Costa, nascida no Rio e Janeiro numa pequena cidade do inteior chamada Santa Maria Madalena, em 19 de julho de 1907.
Consagrou-se como uma das maiores trizes humoristas brasileiras, mas foi também dançarina e cantora da época do teatro de revista.
Ficou célebre por sua irreverência, era a rainha do escracho e do palavão, precurssora do teatro de improviso no Brasil.
 Filha de um alfaiate e de uma lavadeira, foi abandonada ainda criança pela mãe quando esta descobriu que marido a traía, sendo criada pelo pai alcóolatra, sofrendo muitos maltratos e já bem nova começou a trabalhr na bilheteria de um cinema.
Foi onde se encantou, aprendeu a se maquiar e interpretar assistindo às atrizes os filmes e decidiu que seria atriz também.

Fugiu de casa aos dessezete anos para acompanhar um grupo de circo onde se apresentava como atriz. Ali conheceu Eugênio Pascoal, com quem trabalhava em cena e veio a casar-se.
Relatou que na noite em que perdeu a virgindade, usava uma camisola feita de saco de arroz: "Tinha escrito no peito: Indústria Brasileira de Arroz Agulhinha, arroz de primeira".

Após alguns anos junto com ele, por causa de ciúmes violentos do namorado, eles se separaram.



Enquanto excursionava com a trupe pelo interior de Minas Gerais, Dercy contraiu tuberculose, tendo que se afastar de sua maior paixão, o circo. Um exportador de café mineiro chamado Ademar Martins Senra a conheceu quando passava próximo a tenda do circo, e se encantou por ela, apesar de ter ficado com pena da pobre moça doente.
De bom coração, pagou todas as contas do sanatório para a internação da atriz, que não tinha dinheiro suficiente para custear o tratamento.
Depois de curada, veio a ter um romance com ele, mas sempre mantido oculto, pois ele já era casado. Desse relacionamento de 2 anos, nasceu sua única filha, em 1936, Maria Dercimar Gonçalves Senra.
Ademar descobriu que Dercy engravidou e, mesmo casado, decidiu assumir o filho fora do casamento, e colocou Dercy em uma casa decente para se viver e ficou ajudando nas despesas.

Quando o bebê nasceu, Ademar registrou a criança, e as vezes ia visitar Dercy e a neném, porém não podiam morar juntos pelo fato dele ser casado e o romance deles ser secreto. Um dia, porém, não apareceu mais, o que fez Dercy sofrer muito, além de ter que criar a filha sozinha. Ela, então, voltou a trabalhar em teatro.
Foi a essa altura que entrou para o tetro de revista, tendo participado do auge desse tipo de espetáculo nas décadas de 1930 e 40, especializando-se na comédia e no improviso.

Nos anos de 1940 e 50, foi um dos maiores nomes da chanchada do cinema nacional. Na década de 60 começou a fazer carreira solo no teatro, apresentando espétaculos com monólogos onde relatava fatos de sua própria vida, piadas e muitos palavrões.
Também nesta década chegou a televisão, apresentando principalmente programas de comédia, até sair do ar no final dos anos sessenta com a intensificação da censura no país, retornando somente anos depois.
Teve participações em novelas, minisséries e programsa próprios, sempre interpretando personagens irreverentes e cômicos.
Depois de uma carreira bem sucedida, resolveu aposentar-se, mas depois de sofrer um desfalque por parte de um empresário inescrupuloso, ficou falida e teve que retomar a carreira com mais de oitenta anos de idade na época.
Derçy já recebeu em vida e postumamente diversas diversas homenagens, já foi enredo de escola de samba, recebeu o título de cidadã honorária da cidade de São Paulo, e recentemente, este ano, sua vida foi tema de uma minissérie da televisão.
Quase aos oitenta anos, causou polêminca ao desfilar com os seios de fora em plena avenida.
Comemorou seus 10 anos de idade em grande estilo numa festa em raça pública no centro do município de Santa Maria Madalena (sua cidade natal) na região serrana do Rio de Janeiro.
Na ocasião, embora oficialmente tenha completado cem anos, Dercy afirmava que seu pai a registrou com dois anos de atraso, logo teria completado 102 anos de idade.
Foi este também o mês em que Dercy subiu pela última vez num palco: foi na comédia teatral "Pout-PourRir" (espetáculo criado e dirigido pela dupla Afra Gomes e Leandro Goulart, que reúne os melhores comediantes da atualidade e do passado), onde comemorou "Cem Anos de Humor", com direito à festa, autógrafos de seu DVD biográfico e um teatro hiper-lotado por um público de fãs, celebridades e jornalistas.

Dercy morreu aos 103 anos, às 16h45, do dia 19 de julho de 2008, no Hospital São Lucas, em Copacabana, Zona Sul do Rio de Janeiro. Ela foi internada na madrugada do sábado, 19 de julho.
A causa da morte teria sido uma complicação decorrente de uma pneumonia comunitária grave, que evoluiu para uma sepse pulmonar e insuficiência respiratória. O estado do Rio de Janeiro decretou luto oficial de três dias em memória à atriz.

Frases célebres de Dercy Gonçalves:
- "Não tenho medo da morte, a morte é linda... mas a vida também é muito boa!"
- "Eu vou sentir falta de vocês. Mas vocês também vão sentir a minha."
- "Eu fiz 94, mas me digo que estou com 95 para me energizar e chegar lá. Escrevam o que eu digo: eu só vou morrer quando eu quiser! Não programo morte, eu programo vida!" [Ao completar 94 anos]
- "Quem me criou foi o tempo, foi o ar. Ninguém me criou. Aprendi como as galinhas, ciscando, o que não me fazia sofrer eu achava bom."
- "Tudo que passou, acabou. Eu sobrevivi."
- "O ontem acabou. Não tenho mágoa de nada e nem saudade de nada. Vivo o hoje. Tenho alegria de viver, adoro a vida."
- "Eu já fui acusada de tudo. Eu era "negrinha" [a avó era negra], menina de rua, mas nada disso me atingiu porque eu não sabia o que era o mundo. Não tinha nem amigos. Passeava na rua e era perseguida com 7, 10 anos, porque o negro é perseguido há séculos."
- "Não acredito em santo nenhum. Minha religião é a natureza. Deus é um apelido. Ele pra mim não existe. O que existe é a natureza. Deus é fantasma, mas a natureza é a verdade."
- "Tinha os seios lindos naquela ocasião. Mostrei. Houve gritaria, escândalo, mas por quê? Os seios são a coisa mais linda na mulher."




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A baronesa transviada como Gonçalina e a Baronesa


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